As duas primeiras votações do segundo dia do conclave, realizadas na manhã desta quarta-feira (13), terminaram sem a escolha do novo papa. Às 11h40, hora local (7h40 em Brasília), a chaminé da capela Sistina soltou fumaça de cor preta, indicando que os cardeais mais uma vez não chegaram a um consenso sobre o próximo líder da Igreja Católica Apostólica Romana.
À tarde, os cardeais voltam a se reunir para realizar outras duas votações. A fumaça (negra ou branca) deverá sair por volta das 19h (15h em Brasília). Se o nome do novo papa tiver sido escolhido, a fumaça que sairá da chaminé será a de cor branca, e os sinos da basílica de São Pedro tocarão para reforçar o anúncio do novo sumo pontífice.
Iniciado 12 dias após a renúncia de Bento 16, o processo de escolha do novo papa é realizado por 115 cardeais, incluindo cinco brasileiros: dom Raymundo Damasceno Assis, 76; dom Odilo Scherer, 63; dom Geraldo Majella Agnelo, 79; dom Cláudio Hummes, 78; e dom João Braz de Aviz, 64.
São aptos a votar apenas os cardeais com menos de 80 anos. A presença deles, segundo o Vaticano, é obrigatória. No entanto, dois eleitores conseguiram a dispensa necessária para não participarem da votação, um por motivo de saúde (cardeal indonésio Julius Darmaatjadja) e outro que renunciou ao cargo (cardeal britânico Keith O'Brien).
Tempo de duração do conclave
Se seguir o tempo médio dos conclaves dos séculos 20 e 21, a eleição do sucessor de Bento 16 deve durar até quatro dias e ser resolvida em até sete votações.
Entre 1903 e 2005 --quando foi realizado o último conclave que elegeu Bento 16, hoje o papa emérito--, nove pontífices foram eleitos. As eleições de Pio 10º e Pio 11 foram as mais longas do período, com duração de cinco dias.
A mais curta foi a de Pio 12, que conseguiu ser concluída em apenas três votações e dois dias. Bento 16 também foi eleito em dois dias, mas com quatro votações.
Regras e rituais
Durante o conclave, todos os eleitores ficam confinados na capela Sistina. Na hora da votação, cada cardeal escreve o nome do candidato escolhido em uma cédula sob a frase "Escolho como sumo pontífice" e deposita seu voto em uma urna.
Os nomes escritos nas cédulas são lidos em voz alta pelo cardeal camerlengo, Tarcisio Berto, e seus três assistentes.
Será declarado papa aquele que obtiver dois terços mais um dos votos. Com um Colégio de Cardeais de 115 eleitores, o próximo pontífice terá de receber ao menos 77 votos.
Se nenhum cardeal receber essa quantidade de votos, as cédulas serão queimadas e a votação será retomada. Caso não haja um consenso até o quarto dia de votação, é feita uma pausa para oração e diálogo entre os eleitores. A votação reinicia no sexto dia e vai até o 12º. Outras pausas são feitas no sétimo e décimo dia.
Após 12 dias e 34 votações, o sistema muda e a escolha passa a ser entre os dois mais votados no 34º turno. No entanto, permanece o quórum de dois terços. Após a escolha, o novo papa é apresentado aos fiéis com a frase "Habemus Papam!".
Favoritos
Há dois nomes apontados pela imprensa internacional como os principais favoritos a ocupar o cargo mais alto da Igreja Católica: Agnelo Scala (Itália) e Odilo Scherer (Brasil).
Enquanto o brasileiro recebe o apoio da Cúria Romana, em especial dos do decano (cardeal mais velho), Angelo Sodano, como do camerlengo (cardeal que administra as finanças da Santa Sé), Tarcisio Bertoni, o italiano conquista a preferência de muitos estrangeiros, vários cardeais da Europa Central e, sobretudo, dos norte-americanos.
As principais casas de apostas britânicas também seguem a mesma linha dos jornais italianos. Aqueles que apostam no cardeal do Brasil podem receber 4 libras para cada libra apostada. Já as apostas no cardeal da Itália devem receber de 2,25 a 2,50 libras por libra apostada.
A lista dos possíveis papas também estão Gianfranco Ravasi (italiano), Péter Erdo (húngaro), Marc Ouellet (canadense), Timothy Dolan (norte-americano) e Sean Patrick O' Malley (norte-americano). Todos são considerados conservadores, mas cada um dispõe de características singulares que o diferenciam dos demais.
Fonte: Fernanda Calgaro na Cidade do Vaticano
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